Católicos mobilizados por reabertura de igreja em Mogi Mirim
terça-feira, 23 de julho de 2013Em um ato pela fé e preservação da história, a procissão pelo Dia de Nossa Senhora foi marcada por uma manifestação pacífica da comunidade mogimiriana que pedia pela revitalização e reabertura da Igreja do Carmo. O prédio de 1844, patrimônio mais antigo da cidade, está fechado desde fevereiro de 2012 devido aos abalos provocados pelas obras do edifício residencial vizinho, e não tem previsão para reabertura.
Cerca de 400 fieis saíram, na semana passada, da Matriz de São José e caminharam pela Rua XV de Novembro em direção ao Jardim Velho. Acompanhada por representantes de outras paróquias, homens do Tiro de Guerra e membros do Centro de Documentação Histórica (CEDOCH) “Joaquim Firmino de Araújo Cunha”, a procissão aconteceu logo após a missa celebrada pelo bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipolini.
Entre cânticos, orações, flores e cartazes, a população acompanhou a chegada da imagem até a porta da igreja. No local, o bispo e o pároco Nelson Antonio Demiciano fizeram um Ato de Desagravo à Nossa Senhora do Carmo, intercedendo para que os danos sejam reparados e que um dia as pessoas possam voltar a frequentar o templo. O ato foi seguido por um minuto de silêncio. Logo após, uma parte lateral da igreja foi parcialmente aberta para que a população pudesse ver algumas das rachaduras e trincas.
Segundo Cipolini, é uma vergonha para igreja a situação ter chego a esse ponto. Em uma época de manifestações, em que todos saem às ruas, foi bom ver que os católicos também acordaram. “Fiquei feliz em ver pessoas participando para pedir a solução do problema. A causa é justa”, declarou o bispo.
“Achei um ato maravilhoso; de fé e união. Agora temos que aguardar esse possível acordo. Mas, esse movimento já mostrou que temos força e boa vontade”, afirmou a professora e uma dos membros do Centro de Documentação Histórica, Antonia do Carmo Marchesi.
DANOS
Pela avaliação do arquiteto, Marcos Tognon, o prédio apresenta 30 fissuras estruturais classificadas como graves e mais de 15 janelas e portas não funcionam mais, o que levou à sua interdição e suspensão das missas.
A igreja já cumpriu o acordo firmado na última reunião e entregou ao Ministério Público as planilhas das obras do restauro e das partes que tiveram que ser demolidas. “Agora, os valores devem ser avaliados pela construtora e empreendedor dentro de 15 dias, prazo que se encerra na semana que vem”, informou Tognon.
O valor de R$ 450 mil proposto pela igreja inclui o restauro e a indenização material. O ressarcimento pelos danos morais foi renunciado em favor da construção de uma nova sede para o Projeto Educandário Nossa Senhora do Carmo.
O promotor de justiça, Rogério Filócomo Junior, afirmou que a responsabilidade pelos danos é do empreendedor, o atual presidente do Mogi Mirim Esporte Clube, Rivaldo Ferreira, e que a decisão dependerá do seu bom senso. “Não vejo essa mesma velocidade da obra ser utilizada para se chegar a uma solução”, argumentou.
Se não houver acordo, a ação entra em esfera judicial. “Aí, os valores mudam, já que serão considerados os danos materiais e morais”, acrescentou. Caso o desfecho seja mesmo uma ação civil pública, Filócomo adiantou que o MP vai recomendar à prefeitura a não concessão do Habite-se; documento necessário para a ocupação do imóvel. “O Poder Público deve estar consciente que a construção trouxe prejuízos ao patrimônio histórico”, finalizou o promotor.
Fonte: A Comarca