Deficientes Visuais terão suas fotos expostas na Estação Educação em Mogi Mirim
sexta-feira, 7 de junho de 2013A exposição, que contará com foto em alto relevo e em braile, faz parte da finalização do curso de fotografia para deficientes visuais, denominado Diversidade em Foco Click para Incluir.
A abertura do evento será na quinta-feira, dia 13 de junho, na Estação Educação, a partir das 19h. Na ocasião, haverá apresentação do Coral Vida Iluminada e diplomação dos alunos. O trabalho em alto relevo será realizado pela artista plástica e presidente do Vida Iluminada, Maria Inês de Moura Nohra.
A Estação Educação fica localizada ao final da Rua Conde de Parnaíba, no Centro de Mogi Mirim.
O curso na cidade Mogi Mirim
A Prefeitura da cidade de Mogi Mirim, através da gerência de Deficiência e Mobilidade, deu início no mês de abril ao curso gratuito de fotografia, para deficientes visuais.
O curso denominado Diversidade em Foco Click para Incluir, foi realizado em parceria com o grupo Vida Iluminada e o fotógrafo Carlos Almeida.
A última aula foi realizada no sábado, dia 18 de maio, na cidade de São Paulo, quando o grupo foi fotografar à campo, no “famoso” Mercadão. Para essa viagem houve apoio da Secretaria da Educação que cedeu o ônibus para levá-los. A Educação também cedeu o espaço para as aulas.
Sentir, ouvir e tocar para fotografar. Não há o sentido visão, mas há o olfato, o paladar, a audição e o tato. Foi assim, usando os quatro sentidos do corpo humano que o grupo de deficientes visuais transformou simples imagens em verdadeiras artes.
Não conseguir visualizar pessoas, objetos ou lugares não foi obstáculo para o grupo de nove alunos que surpreendeu e superou expectativas, até mesmo deles próprios. Isso porque, a capacidade de ouvir os sons, de sentir gosto, de tocar e sentir cheiro possibilitou aos alunos interagir com o mundo exterior (objetos, pessoas, sabores, fenômenos climáticos, cheiros, luzes, etc) e realizar um excelente trabalho de conclusão do curso de fotografia.
Ana Laura Trentim Guimarães, da gerência de Deficiência e Mobilidade apresentou o Projeto e a atual administração não hesitou em colocá-lo rapidamente em prática. De acordo com a gerente da pasta Daiane Pulcinelli, o objetivo foi aliar capacitação profissional à inclusão social de pessoas com deficiência. “Superou nossas expectativas e a troca de experiência foi algo marcante, pois aqueles que pensaram que iriam só ensinar perceberam que tinham o que aprender. O curso foi tão produtivo que os alunos querem continuidade, já solicitaram uma etapa avançada e, isso, para nós é gratificante”, frisou Daiane.
Quando Daiane fala da troca de experiência, ela se refere ao vidente e o deficiente visual. Cada deficiente visual tem um vidente para orientá-lo antes de fotografar. O vidente tem o papel de descrever a área e o que está nesse espaço, por exemplo, banco de madeiras, luminárias, vasos de plantas e pessoas.
A psicóloga e fotógrafa Juliana Mistro é ex-aluna de fotografia de Carlos Almeida e topou o desafio de ser uma vidente nesse trabalho. Segundo ela essa experiência nova mostrou que foto é algo que deve ir além do que se vê, entretanto, ela não havia percebido isso durante o curso que realizou. “A gente que tem os cinco sentidos não dá valor, podemos explorar todos com mais profundidade e não fazemos isso”, resumiu.
Fabiano Amaro assim como Juliana, também passou pela experiência de vidente e frisou que por conta disso, vê o mundo e as pessoas de maneira diferente.
Amaro foi vidente de Maria José da Silva, de 70 anos de idade, que perdeu a visão há seis anos. Ela contou que nunca havia fotografado antes e que além de aprender a fotografar, o curso a tirou de uma depressão. “Moro na Vila Vicentina e antes de iniciar o curso vivia chorando queria sumir, não conseguia fazer coisas simples, do dia a dia, sozinha. Mas, o curso me animou me deu alegria de viver e hoje consigo fazer muita coisa”, frisou.
Quando questionada se teve muita dificuldade para fotografar, Maria José respondeu: “Presto atenção no barulhinho da câmera e tiro foto e as pessoas que veem as minhas fotos elogiam”, concluiu.
Até o professor, o fotógrafo Carlos Almeida, que assim como os videntes, passou por essa experiência pela primeira vez, se surpreendeu com o resultado. “Tenho 10 anos de profissão e nunca havia passado por uma experiência como essa. Antes para fotografar eu usava só a visão, agora uso todos os outros sentidos”, contou.
Maria Aparecida Platina, além de vidente, tem o filho que é deficiente visual e auditivo que fez parte desse grupo. Emocionada ela mostrou fotos tiradas por ele em casa e disse se orgulhar muito do que vê. “Ele consegue tirar foto melhor do que eu e flagra imagens que eu nem tinha visto. Nessa fotografia, essa pequena tartaruga, no meio do lago, por exemplo, vi pela foto”, disse a mãe orgulhosa.
A iniciativa atraiu pessoas de outras cidades, inclusive de São Paulo. Francisco Domingues, de 66 anos de idade ficou cego aos três anos, quando soube do curso em Mogi Mirim, através da internet, não perdeu tempo e logo se inscreveu para participar. Sozinho ele viajava de São Paulo à Mogi Mirim todas as quartas-feiras para a aula de fotografia. “Saia de casa às 13h, pegava um ônibus e dois metrôs para chegar ao Terminal Rodoviário. Lá pegava o ônibus até Mogi Mirim, chegando por volta das 17h30”, relatou. Diante do relato do trajeto perguntei a ele se compensava. “É prazeroso e quando posto as fotos na internet, no facebook, minha família elogia e comenta, por exemplo, “meu irmão supera tudo”, “É isso aí”. Minha filha ficou emocionada quando viu as fotos e, tudo isso é muito bom. Se o curso tiver continuidade já estou inscrito”, respondeu sorrindo.
As aulas acabaram, mas o curso ainda terá outra etapa, a exposição das fotos tiradas pelos alunos, inclusive haverá foto em alto relevo e em braile. A responsável pelo trabalho em alto relevo será a artista plástica e presidente do Vida Iluminada, Maria Inês de Moura Nohra.
Vale ressaltar que, tanto o trabalho do professor quanto o dos videntes, que em sua maioria são alunos e ex-alunos do fotógrafo Carlos Almeida, foram executados voluntariamente.
Para desenvolver esse trabalho, o professor Carlos Almeida estudou bastante, leu muito sobre o assunto, assistiu a vários vídeos relacionados e se dedicou a entender o cotidiano de um deficiente visual.
Os videntes por sua vez, passaram por treinamento utilizando vendas nos olhos para poder sentir um pouco das dificuldades dos deficientes visuais e desenvolver métodos especiais para descrever as paisagens à sua frente.
Diante dos pedidos feitos pelos alunos e do resultado surpreendente, a Prefeitura Mogi Mirim já estuda a possibilidade de dar continuidade ao curso numa etapa avançada.
Fonte: Portal Novidade
Mais notícias sobre Mogi Mirim:
- Projeto Iniciação à Arte aconteceu em Mogi Mirim
- Câmara sofre renovação de 50 por cento das cadeiras em Mogi Mirim
- Com proposta do São Caetano, Rivaldo sai da presidência do Mogi Mirim
- Prefeito concede 8,84% de reajuste a servidores de Mogi Mirim
- FATEC Mogi Mirim divulga local de prova do vestibular 2013