Reunião no MP discute crise da Santa Casa de Mogi Mirim
terça-feira, 19 de julho de 2011O impasse envolvendo Santa Casa de Misericórdia e Prefeitura Municipal da cidade Mogi Mirim segue causando repercussão entre as instituições. Em entrevista à reportagem de A COMARCA, o diretor executivo da entidade, Ronaldo Albuquerque de Carvalho afirmou que os plantões de especialidades médicas do Pronto Socorro continuam funcionando, porém uma reunião no Ministério Público, marcada para a próxima quinta-feira, 21, poderá ser o divisor de águas no embate com a prefeitura.
“Não podemos mais esperar, esta discussão começou em 2010 e não termina, Precisamos da atitude da prefeitura para definir o modelo de saúde pública para a cidade, mas esperamos que nesta convocação do MP tenhamos uma evolução, que o repasse que precisamos seja concedido e que a situação se normalize, para o bem da população”, alertou Carvalho, ressaltando que a Santa Casa está aberta para negociações, mas que o tempo está urgindo.
Carvalho insiste em frisar que os plantões só permanecem, pois os médicos aceitaram trabalhar sem receber ou recebendo menos pelo serviço prestado. Especialidades como urologia, vascular e neurologia seriam cortados de imediato. “A questão é que sem determinados serviços, não podemos seguir com o Pronto Socorro e aos poucos, com o final dos contratos com a prefeitura, os serviços seriam reduzidos e até mesmo paralisados”, explica o diretor executivo.
Sem discutir se a prefeitura tem ou não recursos, Carvalho afirma também que respeita a posição da prefeitura, mas ressalta, a administração precisa definir prioridades. “Não há problemas se não tem recursos, o que não pode é jogar isso nas minhas costas. Não vou quebrar esta instituição pagando a conta que é obrigação da prefeitura. Se ela julgar que somos caros, que ofereça meios para prestar este atendimento à população em outro lugar”, pontua o diretor, ressaltando não ver necessidade para isso. “Prestamos um serviço de extrema qualidade, é só acertar este repasse adequado, que manteremos nossas finanças e continuaremos com um serviço digno à população. Não é preciso levantar um Hospital Municipal em Mogi Mirim”, argumenta.
MODELO
Para Carvalho a maior necessidade da prefeitura é definir um modelo de saúde pública. Ele julga como ideal o funcionamento pleno das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dos PSF (Posto de Saúde Familiar) e ressalta que o atendimento do PS e da UANA são de responsabilidade do município. “Eles (prefeitura) falam de uma maneira, que parece que a responsabilidade é nossa.
Nós prestamos serviço, temos contrato para isso, mas fazemos um trabalho que seria deles quando atendemos esta alta demanda na UANA, que deveria passar, caso houvesse qualidade para isso, nas UBS’s”, observa Carvalho, lembrando que atualmente o repasse para o Pronto Socorro é na ordem de R$ 70 mil.
“Com este valor não fechamos a conta nunca, nós temos que pagar pelos serviços que são obrigação do gestor da saúde pública, ou seja, a prefeitura. A conta nunca fecha e assim terminamos 2010 no vermelho, com R$ 2 milhões de déficit e temos a previsão de fechar 2011 com o dobro do prejuízo”, exclama.
USO DE VERBAS
Um dos assuntos que mais repercutiu foi a questão da aplicação de verbas por parte da Santa Casa em obras, julgadas por alguns, como desnecessárias. Além disso, houve comentários de que em uma reunião entre médicos e o prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB), a hipótese de a Santa Casa usar dinheiro para atendimento em obras como a reforma da recepção. “Quero que venham aqui e provem isso. Toda aplicação de recurso é auditada. As obras que fazemos só acontecem porque capitalizamos recursos junto a empresas e aplicamos em melhorias para a população”, rebate Carvalho.
MÉDICOS
Com relação à reunião realizada na quarta-feira, 6, a Santa Casa afirma que os médicos presentes ao encontro com o prefeito não representam a opinião máxima da entidade. “Estão no direito deles, mas são minoria. Na realidade é um grupo que tem descontentamento com administração da Santa Casa e, aproveitando da situação do impasse, resolveram manifestar este ponto de vista”, opina Dr. Ary Macedo, diretor técnico da Santa Casa, complementando. “O corpo clínico da Santa Casa apóia a entidade, entende que a situação está complicada e espera que haja um desfecho positivo para que a população não seja prejudicada”, afirma.
Com mais de três anos sem reajuste, os médicos já sabem que caso haja acordo para repasse de verba, essa majoração nos vencimentos será muito abaixo do que se esperava. “Mas isto não é problema, é preciso acertar tudo para a população não ficar sem as especialidades”, finaliza.
Fonte: A Comarca
Mais notícias sobre Mogi Mirim:
- Ladrões explodem caixa eletrônico na rodoviária de Mogi Mirim
- Nove suspeitos são presos por tráfico de drogas em Mogi Mirim
- Prefeitura de Mogi Mirim coloca fim à intervenção e inicia transição
- Com início das chuvas, recomeçam mutirões contra dengue em Mogi Mirim
- Obra do esgoto pode ter sido causa de quebra de adutora em Mogi Mirim